Kuaray foi abatido de morte
Tombou emboscado um instante
A noite apossou-se do dia
A tribo entoou ladainha
Pajé tragou logo um feitiço
Com os mortos, um armistício
Os bravos lançaram seus dardos
Do céu vinha a zombaria:
As flechas ele as tombava
Seu peso as restituía
Curumins sumiram na mata
Que a coragem ainda lhes falta
Mulheres calaram seu pranto
E danças fizeram e cantos
O medo chorou o seu hino
O homem não tem seu destino
Mas Kuaray se levanta, reage
A tribo acalenta esperança
Ele expulsa a treva, a afasta
As mulheres aceleram a dança
Os pequenos se mostram ao céu
A noite remove o seu véu
Pajé se benze num rito
Guerreiros cirandam em grito
A mata se veste de cor
Dos seres a luz supre o calor
A tribo renasce em cantoria
Que a noite já devolveu o dia!
Somos do Sol